O mapa e a explicação do espaço geográfico

Saudações a todos!

Inicio mais um post objetivando discutir sobre a importância dos mapas na explicação e entendimento do espaço geográfico. Nesse texto, falaremos rapidamente sobre o uso das geotecnologias nos dias atuais; suas potencialidades e formas de divulgação textual e base de dados para os usuários que estão se capacitando nessas ferramentas diariamente.

Nas últimas décadas a análise geográfica passou por uma série de transformações, notadamente com relação às técnicas de elaboração e representação espacial, com ênfase para os progressos alcançados com o uso de computadores e os avanços na coleta de informações espaciais, por meio de sensores remotos.

Nesse sentido, é importante analisar os processos de mudanças na arte/técnica/ciência/disciplina cartográfica, considerando as novas (geo)tecnologias e as transformações que o homem vem imprimindo no espaço geográfico nos últimos anos.

Entretanto, ao lembrarmos das relações que se processam na sociedade é necessário, também, observarmos a atividade dos profissionais que se atém a ensinar como o espaço geográfico é ocupado e como as relações entre os indivíduos interferem na configuração das paisagens.


O conceito de geotecnologias (sensores remotos, os Sistemas Globais de Navegação por Satélite – GNSS, aplicativos de geoprocessamento, Sistemas de Informações Geográficas – SIG, etc), se apresentam na atualidade como importantes ferramentas para a produção da "geoinformação", ou seja, para a geração e manipulação de informações espacializadas, oriundas de técnicas de interpretação visual de imagens, visitas em campo e manipulação computacional de fenômenos e objetos espacializados, existentes no espaço geográfico.

Sendo que, essas ferramentas facilitam a elaboração dos produtos cartográficos, agilizando a coleta de dados, otimizando a manipulação das informações espaciais adquiridas e divulgando mais rapidamente os produtos cartográficos que são construídos.

Essa evolução na elaboração dos produtos cartográficos, também disponíveis na internet, acompanha o progresso das atividades humanas que se desenvolvem nas questões de ordenamento e gestão territorial na atualidade.
Contudo, é cada vez mais evidente que as formas de se ensinar sobre a ocupação do espaço geográfico devem se beneficiar dessas “novas” ferramentas cartográficas, pois as modificações que se desdobram no espaço não podem ser desconsideradas na atividade docente, como se vê nas figuras a seguir, que mostram obras humanas, cada vez mais comuns, e que podem ser visualizadas do espaço e são frutos da intervenção do homem em seus locais de moradia, que também carecem de representação cartográfica.

Figuras 01 - A e B: Condomínios em DubaiFonte: http://migre.me/8W5iI

Com o avanço nas tecnologias de ocupação e ordenamento dos territórios, surgem novas formas, cada vez mais impactantes e evidentes no espaço geográfico. Fato que não acontecia em tempos anteriores, onde a tecnologia rudimentar não possibilitava ao Homem daquele momento, com tanta frequência como se observa nos dias de hoje, a construção de objetos tão grandiosos como da figura 01. 

Isso demonstra também a necessidade de representação desses novos objetos, que são criados diariamente e que refletem no surgimento de sites especializados na divulgação da informação espacial, como o Google Earth, Eye on Earth, Google Maps, entre outros.

Outro exemplo de como a cartografia e suas ferramentas "geotecnológicas" vem sendo utilizadas de forma cada vez mais comum, vemos na próxima figura, que representa a espacialização de fenômenos criminais no ano de 2010, em bairros do município de Marituba, no estado do Pará, Brasil. 

Esse tipo de produto, e outros desse gênero, estão sendo gerados com mais frequência, não apenas em setores de segurança, saúde e ordenamento urbano, mas também na área educacional, onde os computadores e os aplicativos de geoprocessamento (que podem ser gratuitos, ou OpenGIS) estão cada vez mais acessíveis aos usuários, sejam geógrafos ou não. 

Isto é, atualmente a elaboração do mapa depende, principalmente, apenas da disponibilização dos dados pelos órgãos competentes, no caso da figura 02 (clique na imagem para ampliar), dados cedidos pela Polícia Militar do Estado do Pará.

Figura 02: Mapa de intensidade de porte ilegal, tráfico de drogas e homicídio, no município de Marituba – 2010

Esses e outros exemplos de modelos de mapas estão disponíveis com cada vez mais intensidade na internet. São amostras de trabalhos que utilizam a cartografia digital e que podem ser replicados em outros lugares, por outros profissionais e que são adaptados à realidade docente que, dependendo do assunto, trará novos questionamentos para o debate em sala de aula. 

Na atualidade, a justificativa de "não saber fazer" tem cada vez menos sentido, uma vez que existem, acompanhando o avanço de elaboração e divulgação dos softwares de geoprocessamento, diversas revistas (FOSSGIS, MundoGeo, Conhecimento Prático: Geografia, etc), sites (INPE, SISCOM/IBAMA, IBGE, etc) e blogs (GaptaUFPA, geoLuisLopes, Sadeck Geotecnologias, etc), que discutem como “montar” esses produtos, por meio de tutoriais, artigos e manuais de elaboração.

Assim, a questão do uso de ferramentas de geoinformação está intimamente ligada à necessidade de espacializar os fenômenos e os processos de territorialização no espaço geográfico, por meio do uso de equipamentos computadorizados e de técnicas cartográficas que têm surgido nos últimos anos, desde o GNSS ao uso de sensores de altíssima resolução espacial; pois os fenômenos sobre a superfície de Terra refletem na produção de informações sobre um determinado local, que são passíveis de serem visualizados na tela de um computador. 

Dessa maneira, a representação da Terra e de seus objetos, são produto e matéria-prima do que acontece na superfície, onde todas as informações obtidas passam a ser atualizadas constantemente, criando novos dados e informações que estão sendo revisadas esporadicamente e que geram novos objetos na superfície terrestre, que refletem na elaboração de mapas atualizados com maior frequência.

Todavia, é importante que antes de elaborarmos um mapa – ou outra representação espacial, devemos saber qual será o uso para este produto e quais os usuários que utilizarão o produto cartográfico criado. As possibilidades são grandes: monitoramento ambiental, segurança pública, transportes, manejo de recursos naturais, análises espaciais urbanas, etc. 

A complexidade que o mapa terá dependerá, principalmente, de algumas especificidades: 

  1. Da formação escolar, isto é, da especialidade do mapeador (biólogo, geólogo, geógrafo, engenheiro, etc);
  2. Das ferramentas (geo)tecnológicas (softwares e hardwares) disponíveis para a elaboração do mapa; 
  3. Do fenômeno ou objeto que está sendo representado (base de dados) e;
  4. Da capacidade de leitura e entendimento dos usuários, pois os mapas elaborados não são feitos para o mapeador ler, mas sim para um público-alvo de usuários, que tem necessidades especificas, estes últimos devem estar preparados para ler os mapas disponíveis, segundo o seu nível cognitivo (idade, grau de escolaridade, experiência de vida, etc).

Espero ter contribuído na leitura e entendimento dos mapas com este post. Desejo a todos boa sorte na busca do “mapa perfeito”, mesmo sabendo que jamais representaremos fielmente em uma folha de papel ou tela do computador o que vemos na realidade.

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Mais informações do mapa em: ALVAREZ, Wellington de Pinho. Geografia e segurança pública: Violência, pobreza e a criminalidade, o uso de sistema de informações geográficas na detecção do crime no município de Marituba. Belém: FCG/UFPA, 2011 (Trabalho de conclusão de curso de graduação em Geografia).