A evolução da representação cartográfica nos sistemas computadorizados

Olá companheiros,

O post de hoje continuará a abordar sobre a Evolução da Representação Cartográfica, enfocando agora o uso dos sistemas computadorizados na elaboração dos mapas.
Nas últimas décadas essa representação se tornou mais “rápida” e comum devido, principalmente, ao avanço da informática, que colocou na tela dos computadores as informações dos objetos e fenômenos que antes só eram apresentados em uma folha de papel, ou seja, em um mapa impresso (TAYLOR, 2010).

Porém, apesar das evoluções computacionais (conforme se observa na figura 01, que mostra um atlas digital), é importante lembrar que ainda podemos utilizar os mapas impressos e globos em todas as disciplinas escolares e não somente na geografia, mas também na biologia, em história, com a matemática, etc., pois todos os fatos e os objetos se originam e se encontram em um lugar qualquer do nosso planeta.

Figura 1. Software educacional Melhoramentos. Fonte: Melhoramentos (2011)

Assim, é possível construirmos um mapa econômico a partir dos conhecimentos que temos de matemática e economia; ou podemos elaborar um mapa de vegetação com base nos saberes que temos de biologia. E assim por diante, enfatizando nessas elaborações as técnicas de cartografia temática.

Nesse sentido, a Cartografia, que é a arte, a ciência e a técnica de se elaborar mapas, globos, maquetes, etc; por meio de seu seus conhecimentos reunidos durante séculos de história da humanidade, possibilita ao Homem a análise detalhada da realidade da qual faz parte. Esse entendimento dos lugares é facilitado pela leitura e interpretação dos mapas, que devem ser entendidos como uma forma de comunicação, que contribuem com a idéia e a percepção que todos têm da realidade.

Assim, ao considerar que todos nós somos capazes de nos localizarmos e transmitirmos nossa localização, podemos ser considerados “construtores de mapas”, porque sabemos ler e representar o espaço, mas é somente por meios das técnicas da Cartografia que podemos elaborar mapas com todos os elementos necessários para a sua leitura, para que outras pessoas possam entender o que procuramos apresentar nos mapas que elaboramos.

Além do que, as imagens de sensores remotos e a internet vem proporcionando a milhares de pessoas a visualização de seus locais de moradia e de trabalho vistos “de cima”, como se o usuário estivesse sobrevoando os lugares e mapeando os locais que conhece.

Figura 2. Visualização de uma imagem de sensor remoto (Google Earth) e das ruas de Belém (Google Maps)

A figura 02 representa a visualização de algumas ruas da cidade de Belém, no estado do Pará, e demonstra também, uma ferramenta de popularização da cartografia que pode ser utilizada para que o planejador ou outro individuo se localize sobre a superfície da Terra. Esse tipo de ferramenta, além de outros aplicativos de geoprocessamento (processamento computadorizado de dados espaciais), estão disponíveis gratuitamente na internet e vem se tornando cada vez mais comuns.

Esses softwares, especializados na manipulação de informações espaciais no computador, são de fácil acesso e manuseio, são gratuitos e podem ser utilizados para a elaboração de mapas por qualquer pessoa. Como exemplo de programa OpenGis (programa de geoprocessamento gratuito e aberto a modificações/adaptações), podemos citar o Quantum Gis (figura 03), que possui uma comunidade de desenvolvedores que cria novos plugins (funções novas) para o usuário poder acessar.

Esse tipo de programa possui uma grande variedade de tutoriais que ensinam a utilizar e podem ser acessados também gratuitamente por qualquer pessoa que tenha acesso a internet.

Figura 3. Tela de visualização do software OpenGIS Quantum GIS

Desse modo, vivemos um momento de iniciação ao aprendizado do desenho, com os descobrimentos das primeiras gravuras e representações espaciais (no caso dos homens primitivos), passando pela cartografia sem normatizações e padronizações, onde se via o período de restrição a algumas poucas pessoas que detinham o conhecimento dos lugares (civilizações antigas até as grandes navegações).

Logo em seguida, e chegando nos dias atuais, em que a cartografia vem conhecendo uma popularização maior, possibilitando a usuários e profissionais diversos um conhecimento que vem sendo considerado “interdisciplinar”, pois está contribuindo com uma grande variedade de ciências e possibilitando o progresso cientifico não só na cartografia, mas de todas as formas de conhecimento que essas ferramentas contribuem (SEABRA, 2007; FITZ, 2008a; 2008b).

Todavia, para finalizarmos esse texto, é importante lembrar que, apesar dos avanços que observamos na cartografia, desde os tempos antigos até hoje, os conceitos, categorias e os elementos que representam a esfericidade do planeta e que compõem um mapa foram pouco alterados, ou seja, as técnicas de redução do espaço real para a folha de papel (escala), de manutenção de formas ou distancias para representação no plano/papel (projeção), o título, a orientação e a legenda ainda são elementos que não podem faltar para se entender o que um mapa quer mostrar (JOLY, 1990; IBGE, 1999).

Então, independente de saber manusear um software de geoprocessamento para se construir um mapa, é necessário entender que por trás daquelas funções do programa existem uma série de técnicas e conhecimentos que foram construídos durante séculos e devem ser compreendidos para que a atividade de construção do produto cartográfico não se transforme apenas em uma prática de “apertar botões”.

Colegas, espero ter contribuído mais uma vez com essa leitura. Vou seguir uma sequencia sobre a cartografia, enfocando no próximo texto sobre os tipos de representação cartográfica – o vetor e o dado matricial.

Abaixo as referências que utilizei para elaborar esse texto.

Até a próxima,

Referências

FITZ, Paulo R. Geoprocessamento sem complicação. São Paulo: Oficina de Textos, 2008a.
______. Cartografia básica. São Paulo: Oficina de Textos, 2008b.
IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Noções básicas de cartografia. Rio de Janeiro: IBGE, 1999.
JOLY, F. A Cartografia. Campinas: Papirus, 1990.
MELHORAMENTOS. Atlas Geográficos Melhoramentos. Disponível em: http://xdow.blogspot.com/2010/12/atlas-geograficos-melhoramentos-brasil.html. Acesso em: outubro de 2011.
TAYLOR, D. R. F. Uma base conceitual para a cartografia: novas direções para a era da informação. Portal da Cartografia, Londrina v. 3 n. 1, 2010. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/portalcartografia. Acesso em: fevereiro de 2012.